sábado, 10 de setembro de 2016

QUER MATAR O POETA MATE O SONHO, QUE O POETA SEM SONHO SE LIQUIDA

No ano de 2009, eu, iniciante dos versos, ouvi um mote do poeta José Lucas de Barros, que dizia: “quer matar o poeta, mate o sonho, que o poeta sem sonho se liquida”. Eu fiquei encantado por esse tema, e resolvi de forma muito singela, glosar esse mote. Nunca tive a coragem de mostrar ao mestre. Porém, no dia de sua partida eu tive coragem e publiquei em uma rede social, como forma de homenageá-lo. Segue:
Não destrua o mundo do poeta,
não lhe faça um ato tão insano,
pois seu mundo de sonho é soberano
e viver desse sonho é sua meta.
Se a vida real é tão incerta,
o poeta num sonho leva a vida.
Para ter sua vida garantida,
faz do sonho a fuga do medonho.
Quer matar o poeta, mate o sonho,
que o poeta sem sonho se liquida”.

No seu reino de sonho e ilusão,
não divide o real da fantasia.
Vai vivendo o seu sonho noite e dia,
pra manter sempre vivo o coração.
O real para ele é contramão,
só o sonho dá vida a sua vida.
Sem o sonho, seu mundo é sem saída
e seu céu sem estrelas é bem tristonho.
Quer matar o poeta mate o sonho,
que o poeta sem sonho se liquida”.

Nunca mate o sonho de alguém,
que na vida só vive pra sonhar.
Pois, sem sonho, não dá pra suportar
as agruras de amor que a vida tem.
Sem sonhar, nunca passa de ninguém,
se sonhar, sua estrada é garantida.
No jardim uma simples margarida,
vai tornar o seu tempo mais risonho.
Quer matar o poeta, mate o sonho,
que o poeta sem sonho se liquida”.

Sendo assim, peço até por caridade,
não destrua do vate a fantasia.
Pois, no sonho o poeta versa e cria,
só o sonho lhe traz felicidade.
Eu suplico, não faça essa maldade
de deixar uma alma destruída.
E a morte de um sonho é tão doída
que seu dono definha de bisonho.
Quer matar o poeta, mate o sonho,
que o poeta sem sonho se liquida”.

Mote do professor José Lucas de Barros.

Glosa: Chico Gabriel – 20-04-2009.

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